Arlindo Nascimento
Rocha[1]
arlindonascimentorocha@gmail.com
A pergunta pela relação
entre Ciência da Religião e a Teologia é um tema particularmente disputado e
sensível! Isso tem a ver não somente com o fato de que a Ciência da Religião
como tantas outras ciências, se emancipou da Teologia, ao longo do desenvolvimento
histórico-científico, mas também com o de que ambas, tanto a teologia como a
Ciência da Religião, trabalham nas mesmas áreas e dedicam-se a questões
semelhantes, parcialmente iguais. (HOCK, 2010, p. 205).
Resumo
Este artigo tem como finalidade refletir
sobre a importância da Ciência da Religião como disciplina acadêmica autônoma,
que nas últimas décadas gradualmente tem conseguido o respeito e a
confiabilidade que lhe é devido, tendo em conta, o crescimento das demandas nas
Universidades brasileiras, e, pela crescente produção literária, demarcando
assim, sua especificidade no estudo científico das religiões em relação às
outras disciplinas clássicas, no que tange aos objetivos, ao método e a
metodologia de pesquisa e ação.
Para que serve a(s)
Ciência(s) da(s) Religião(ões)?
A realidade social, objeto das Ciências
Sociais é complexa, dinâmica, dialética ao mesmo tempo una e diversa, divisível
e indivisível. Cada vez mais, a sociedade moderna, tem que, partindo do senso
comum, ou seja, das noções comumente admitidas pelos indivíduos sem nenhuma
análise e questionamento, para aprofundar o conhecimento científico, rigoroso,
profundo e de conjunto para dar respostas às demandas sociais cada vez mais
exigentes, tendo em conta que, e realidade como tal, tornou-se múltipla e
desafiadora.
De acordo com Klauss Hock, “assim como
outras disciplinas acadêmicas, a Ciência da Religião[2],
precisa prestar conta sobre aquilo que ela rende para a discussão acadêmica e
sua relevância social.” (HOCK, 2010, p. 227). A meu ver, a relevância social e
acadêmica das pesquisas em Ciência da Religião são fundamentais para o
crescimento interno da mesma. Acredita-se que, isso não constitui mais um
problema, tendo em conta o que é afirmado por Luís Henrique Dreher, em seu
artigo Ciência(s) da Religião: Teoria e
Pós-Graduação no Brasil, “como nova área acadêmica, ela (Ciência da
Religião) vai de vento em popa, e sua afirmação definitiva na universidade
brasileira é, ou deveria ser, uma questão de tempo”. (DREHER, 2008, p.158).
Entretanto, existem ainda muitos obstáculos
a serem superadas, “no caso do Brasil, os estudos científicos da religião se
inserem em uma história peculiar da ciência e do ensino superior em geral o que
resulta de alguns obstáculos epistemológicos e políticos para a legitimação
desses estudos nas instituições de ensino e pesquisa”. (PASSOS; USARSKI, 2013,
p. 22). Esses obstáculos contribuíram e tem contribuído para a marginalização
da Ciência da Religião, tendo em conta que, “ela nasceu e desenvolveu num
quadro ambíguo, buscando abrigo em Universidades confessionais, onde não pôde
deixar de imiscuir da Teologia”. (Ibidem, p. 23). Assim, em termos
institucionais, “a Ciência da Religião foi totalmente marginalizada nas
faculdades de Teologia e atribuída à outras áreas.” (HOCK, 2010, p. 207).
A realidade atual, não desmente o que foi
dito por Klauss Hock, uma vez que, apesar da institucionalização da disciplina,
dos diversos cursos de Graduação e Pós-Graduação oferecidas por várias Universidades
em todo país, ainda algumas instituições educativas, onde se leciona o Ensino
Religioso, continuam ignorando a Ciência da Religião como disciplina autônoma e
os Cientistas das Religiões como profissionais capacitados para trabalhar com o
Ensino Religioso, e, desta forma contratando professores habilitados em outras
áreas para lecionar o Ensino Religioso.
Não é que não tenham competência para
desempenhar tais funções, mas, o que revolta é ver que, infelizmente o lugar do
Cientista da Religião, como docente especializado para exercer a função está
sendo colocado em segundo plano, e as vagas ocupadas por profissionais de
outras áreas. Mas, o contrário não se verifica! Geralmente os recém-formados em
Ciência da Religião (graduação e mestrado) estão “condenados” a fazer parte da
grossa fatia dos desempregados ou é um imperativo que continuem estudando na
esperança que com o grau de doutor (a) possam ingressar nas Universidades ou
então em pesquisas.
O que se verifica, é que ainda existe um certo desconhecimento
relativamente a importância de ter um profissional formado na área. E, quanto
mais se fala sobre o curso em si, muita gente ainda questiona sua utilidade ou
sua ligação/dependência ou não com a Teologia. Para os que ainda pensam que a Ciência
da Religião é uma espécie de cripto-teologia, é preciso mostrá-los que ela é
uma ciência acadêmica autônoma desde 1910, época em que foi criada “a primeira
cátedra da Ciência da Religião fundada na Universidade de Berlim”.[3]
(USARSKI, 2006, p. 269). Assim, e de acordo com a expressão metafórica de Udo
Tworuschka, a Ciência da Religião é “a filha emancipada da Teologia”.
(TWORUSCHKA Udo, p. 191, apud, USARSKI, 2006, p. 16). Olhando
para a Teologia e a Ciência da Religião, Peter Antes afirma que:
Diferente
da Teologia, cujos pressupostos são geralmente comprometidos com o Cristianismo
tanto como referência religiosa particular quanto como privilegiada matéria de
análise, a Ciência da Religião é virtualmente irrestrita quanto aos fenômenos
considerados por ela dignas de investigação. (ANTES, Peter, p. 154, apud USARSKI, 2006, p. 17).
Outro aspecto muito importante para a Ciência da Religião é o seu
distanciamento das propostas e dos princípios da fenomenologia da religião.
Isso é demonstrado por Frank Usarski em seu artigo Perfil paradigmático da Ciência da Religião na Alemanha, publicado
na obra A(s) Ciência (s) da Religião no
Brasil (2008), organizada por Faustino Teixeira. Nesse artigo Usarski
afirma que:
Faz
cerca de 40 anos que na Alemanha a Ciência da Religião começou a se distanciar
de propostas e princípios da Fenomenologia da Religião até então predominante.
O que ocorreu foi uma reorientação pelas normas das ciências sociais,
salientando o caráter empírico da própria disciplina. (USARSKI, 2008, p. 87,88).
Relembrando que, a Fenomenologia da Religião,
como “disciplina clássica” tem como objetivo “ordenar sistematicamente vos
distintos fenômenos religiosos, definir seus conteúdos e compreender, dessa
maneira, a “essência da religião”. (HOCK, 2010, p. 14). Porém, “no século XX, a
Fenomenologia da Religião em sua forma tradicional se tornou alvo de fortes
críticas”. (Ibidem), uma vez que, “a Fenomenologia não estuda os fatos
religiosos em si mesmos, mas sua intencionalidade ou essência”. (CROATTO, 2010,
p. 25).
Como ciência autônoma, que privilegia os fatos religiosos concretos, a
Ciência da Religião possui objetivos, métodos e metodologias próprias, ou seja,
libertou-se das amarras da Fenomenologia e da Teologia que agora aparecem ao
lado de outras ciências clássicas, tais como a História, a Sociologia, a Psicologia,
entre outras como ciências auxiliares da Ciência da Religião. Para melhor
clarificar essa diferença, torna-se necessário elencar principalmente algumas
diferenças fundamentais entre teologia e Ciência da Religião, uma vez que, ainda
no senso comum confundem-se essas duas áreas. Embora a nível acadêmico possamos
afirmar que, essa distinção esteja clara, ainda persistem resquícios de
desconfiança sobre os limites epistemológicos de cada uma dessas disciplinas. Assim,
podemos afirmar que:
A Ciência da Religião é um campo da pesquisa acadêmica
que se refere ao estudo das disciplinas correlativas e que contribuem
para a compreensão do fenômeno religioso nas culturas; ela é multidisciplinar,
o que lhe obriga a ter um diálogo constante com os outros saberes, para que se
possa entender melhor o seu objeto de estudo; usa o método comparativo e
sistemático na realização de suas pesquisas, valorizando sempre pesquisas
empíricas e aplicadas em contextos diversos; estuda o fenômeno religioso em
relação à Teologia de cada cultura, dentro da percepção religiosa de cada
religião; considera o elemento teológico religioso da pesquisa de
determinados grupos religiosos, podendo se referir à antropologia da religião,
à psicologia da religião, entre outras; enquanto que a Teologia, como ciência,
pesquisa, define, averigua e entende todos os fatos hermenêuticos, colocações
teológicas, palestras, ensinos e demais considerações em relação à interpretação
das Escrituras, seja em que cultura religiosa for.
De acordo com José Severino Croatto, em sua obra As Linguagens da Experiência religiosa (capitulo I) A fenomenologia da religião entre as ciências
da religião:
Como
ciência, a Teologia parte do dado da fé; por isso, pretende falar a partir de
Deus, a partir da relação que Ele estabelece com o ser humano. Ainda que seja
comum falar de teologia somente em relação ao judeu-cristianismo (cuja fonte é
a Bíblia), pode-se estender o conceito à qualquer religião, à medida que existe
um trabalho especulativo gerado na experiência da fé. [...] A Teologia,
enquanto ciência utiliza os dados da fé (da revelação), mas se fundamente (como
a filosofia) na razão. (CROATTO, 2010, p. 22, 23).
Apesar dessa distinção entre a Teologia e a Ciência da Religião, é
preciso mostrar ainda que, a Ciência da Religião também não se confunde e nem
pode ser confundida com as outras ciências clássicas por motivos óbvios, aliás,
elas servem se suporte para fundamentar as pesquisas em Ciência da Religião,
tendo em conta que, estão numa fase mais avançada de consolidação de seus
métodos ao contrário da Ciência da Religião que está ainda numa fase de
afirmação, pelo menos no Brasil. Por isso, apresentaremos resumidamente um
esboço das mesmas, a partir das ideias de Croatto (2010), uma vez que, ambas
contribuem para que o trabalho do cientista da religião seja mais eficaz.
Começando pela História
das religiões, “ela é básica, pois, para interpretar um fato religioso é
preciso conhecê-lo. Ela é analítica, descritiva e comparativa; seu objeto de
estudo é o conjunto dos fatos religiosos em si mesmo ou comparados enquanto manifestações
da cultura humana [...]; a Sociologia
que se tornou célebre com o francês Émile Durkheim em sua obra As formas elementares da vida religiosa
onde estabelece que a religião é uma forma fundamental de coesão social.
Segundo ele, os fenômenos religiosos falam da realidade social, ou seja, o
fenômeno religioso é essencialmente comunitário e, portanto, repercute na
sociedade [...]; a Psicologia da
religião parte do pressuposto que o sentimento religioso é uma elaboração do Eros básico do ser humano. Existem duas
vertentes da psicologia da religião: uma marcada por Sigmund Freud,[4]
e, a outra por Carl Gustav Jung[5]
que se afastou da linha freudiana[...]; a Filosofia
da religião preocupa-se com o Absoluto, não como “encontro” com ele, nem
enquanto Deus, mas como Ser e o fundamento de toda a realidade. O ponto de partida, ou via de acesso, é
sempre racional. Deus (teodiceia), o mundo (cosmovisão), o ser humano
(antropologia filosófica/ética). (CROATTO, 2010, p. 17 a 21).
Ao lado dessas disciplinas clássicas da Ciência da Religião, segundo Klauss
Hock, devem ser mencionadas ainda outras vertentes (disciplinas) da pesquisa
que nas últimas décadas contribuem para o desenvolvimento da Ciência da
Religião.
A Geografia da Religião trata dos impactos
mútuos entre a religião e o ambiente, analisando o impacto da religião sobre o
ambiente, assim como o impacto do meio ambiente sobre a religião; a Economia da Religião, uma subdisciplina,
está interessada nas questões da relação entre religião e economia, enfocando
as condições econômicas assim como as consequências econômicas da atuação religiosa;
a Estética da Religião pergunta por
aquilo que nas religiões pode ser percebido pelos sentidos e procura analisar a
relação complexa entre a religião e os processos de percepção. [...] (HOCK,
2010, p. 15).
De acordo com Luíz Alberto Sousa Alves, em sua obra Cultura religiosa: caminhos para a construção do conhecimento.
A Ciência da Religião
ajuda-nos a perceber a importância das tradições religiosas da humanidade e de
todo o processo de racionalização e institucionalização que essas tradições
sofrem ao longo do tempo. Com ela, a religião deixou de ser analisada de forma
amadorística, a partir do momento em que os intelectuais começaram a estudá-la
de maneira acadêmica, tentando, aos poucos, afastar-se das amarras da fé. (ALVES, 2009, p. 17).
Ainda segundo ele, a “Ciência da Religião é uma disciplina que analisa
sistematicamente as religiões em todas as suas manifestações. O Cientista da Religião
tem a lucidez de perceber que a teologia é um dos elementos inerentes ao
universo das religiões. Por isso, ele não reduz a religião à Teologia, evitando
assim, emitir juízos sobre a veracidade e a qualidade das religiões”. (ALVES,
2009, p. 18). Desta feita, é importante também realçar que, o trabalho do
teólogo (especialista religioso) é diferente do cientista da religião
(especialista em religião). Com base na distinção feita por Hans-Jürgen
Greschat, em seu livro O que é Ciencia da
Religião? (capítulo 5, p. 155 a 157), sintetizamos as seguintes diferenças:
Os teólogos investigam a religião a qual
pertencem visando proteger e enriquecer sua tradição religiosa; quando estudam
uma religião alheia partem da própria fé, e, só o fazem a partir de uma
comparação com a própria; eles tem meios próprios para distinguir o que é
“verdadeiro” e o que é “falso” da área da religião; a fé é a norma decisiva,
pois, ela é única considerada verdadeira em oposição a outras consideradas
falsas. Já os contistas da religião geralmente investigam outras religiões que
não a sua; não prestam serviço institucional como os teólogos; são autônomos
quanto ao seu trabalho; não avaliam a fé de outrem com base na própria; possuem
liberdade de pesquisar a crença alheia sem preconceitos; o fim último não é
estabelecer se uma determinada religião é verdadeira ou falsa.
Nesse contexto o objetivo do cientista da religião é:
Fazer
uma distinção mais detalhada e ampla possível de fatos concretos presentes no
universo religioso, ensejando possibilitar um entendimento histórico da gênesis
e do desenvolvimento das religiões, escapando das armadilhas do reducionismo
histórico, que podem aprisioná-lo a fatos e acontecimentos, tirando-lhe a
percepção das inter-relações com as diversas áreas da vida. (ALVES, 2009, p. 18).
Dessa forma, a pergunta para a utilidade da
Ciência da Religião, pode ser dada de várias formas. Assim, ela é útil para: a)
transmissão de conhecimentos; b) mediação e moderação de conflitos religiosos; c)
esclarecer percepções errôneas e mal-entendidos; d) reflexão sobre sua própria
situação. Primeiramente ela é útil porque de modo pragmático ajuda na
transmissão de conhecimentos sobre outras religiões e culturas, estranhas ou
geograficamente distantes da realidade cotidiana; usando de seus pareceres
específicos cumpre a função de mediadora de possíveis conflitos, uma vez que
sua competência e sua posição permite-lhe estabelecer o diálogo entre as
religiões; aplicado ao diálogo inter-religioso e as relações internacionais,
pode e deve ajeitar as interpretações errôneas e mal entendidos em relação à
outras tradições religiosas como são extremados em muitos meios de comunicação
e nos materiais didáticos usados nas escolas; e, por último, a Ciência da
Religião, necessariamente deve fazer uma auto reflexão crítica sobre a
vinculação dos resultados de estudos científicos-religiosos com a nossa cultura
e religião na qual nos vivemos e professamos.
No que tange a aplicabilidade prática da Ciência da Religião, são várias
as áreas onde, ela é aplicável, por exemplo, às relações internacionais; ao ensino
religioso; à educação sociopolítica; ao património cultural; à teologia; à ação
pastoral; à psicoterapia.[6]
No Compendio de Ciência da Religião (2013) Afonso Maria Ligorio Soares faz a
introdução à parte V que apresenta a aplicação da Ciência da Religião.
Udo Tworuschka faz considerações teóricas e metodológicas a
respeito da Ciência prática da Religião. Enzo Pace estuda a Ciência da Religião
aplicada às relações internacionais. Sérgio Rogério Azevedo Junqueira apresenta
a Ciência da Religião como a área que constituirá os fundamentos para o ensino
religioso. Edin Sued Abumanssur faz um estudo da Ciência da Religião aplicada
ao turismo. Mauro Passos estuda a Ciência da Religião aplicada à educação
sócio-política e Paulo Mendes Pinto apresenta a Ciência da Religião aplicada ao
patrimônio cultural. Afonso Maria Ligorio Soares estuda a Ciência da Religião
aplicada à Teologia. Agenor Brighenti analisa a Ciência da Religião aplicada à
pastoral. Práxis e reflexão constituem a ação. Ênio Brito Pinto busca
esclarecer porque psicoterapeutas estudariam Ciência da Religião. (SOUZA, 2014,
p, 638).
Como se pode ver a Ciência da Religião, não
é uma disciplina que se opera isoladamente. Desta forma, o caráter
inter-e-transdisciplinar da mesma confere confiabilidade dos resultados de sua
pesquisa e garante sua autonomia metodológica. Porém, “a Ciência da Religião
que, como as outras ciências, tem seus limites principalmente porque o saber
humano não está pronto e acabado, ou seja, o ser humano está em permanente
construção. Portanto, torna-se difícil trabalharmos com a ideia de verdade
absoluta. Porém, o resultado do estudo do fenômeno religioso de uma religião é
comparado com a de outra, o que permite uma comparação das semelhanças e das
diferenças presentes nos ritos, doutrinas e estrutura das tradições religiosas.
A identificação de traços comuns permite percebermos as tradições religiosas
como um fenômeno antropológico universal”. (ALVES, 2009. p. 18).
Assim concluímos que, a relação
interdisciplinar entre a Ciência da Religião com outras áreas do conhecimento
(ciências humanas), amplia o leque de oportunidades acadêmicas, para os
profissionais que trabalham com a educação, para líderes religiosos e outros
grupos profissionais, possibilitando um diálogo e convivência. Possibilita
ainda, uma releitura da realidade, fazendo-nos parar, sermos agentes de
mudanças, que proporcione a avaliação de opções tanto para a vida acadêmica,
profissional quanto nas relações interpessoais.
Considerações finais
Respondendo sucintamente a pergunta Para
que serve a Ciência da Religião, diria que como disciplina acadêmica e
autônoma, ela é de uma relevância fundamental, pois, com ela inaugurou uma
etapa paradigmática no que tange a investigação, interpretação e compreensão
dos fatos religiosos presentes em cada religião específica. Com ela o Ensino
Religioso, consegui romper com o aspeto confessional que durante muito tempo
esteve presentes nas escolas, e, desta forma contribuir para minimizar a
intolerância religiosa e promover o diálogo inter-religioso. Sua perspectiva inter-e-transdisciplinar,
seu método de pesquisa lhe garante, autonomia, confiabilidade e cientificidade
face às demais disciplinas.
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Referências
ALVES,
Luíz Alberto Sousa. Cultura religiosa:
caminhos para a construção do conhecimento. Editora Ibpex, 2009, p. 17 e
18.
CROATTO,
José Severino. As linguagens da
experiência religiosa: uma introdução a fenomenologia da religião. – 3ª
edição. São Paulo: Paulinas, 2010.
CRUZ,
Eduardo. Introdução à parte I. In: Compêndio de Ciência da Religião. João Décio
Passos; Frank Usarski (orgs.). - São Paulo: Paulinas: Paulus, 2013.
GRESCHAT,
Hans-Jurgen. O que é Ciência da Religião.
Tradução de Frank Usarski. - São Paulo: Paulinas, 2005. – (Coleção
representando a religião).
HOCK,
Klauss. Introdução à Ciência da Religião.
Tradução de Monika Otterman. Edições Loyola, São Paulo, Brasil, 2010.
PASSOS,
João Décio; USARSKI, Frank. Introdução
geral. In: Compêndio de Ciência da
Religião. João Décio Passos; Frank Usarski (orgs.). - São Paulo: Paulinas:
Paulus, 2013.
SOUZA,
Jaqueline Crepaldi. Resenha do Compêndio
de Ciência da Religião. Horizonte, Belo Horizonte, v. 12, n. 34, p.
638-645, abr./jun. 2014 – ISSN 2175-5841.
USARSKI,
Frank. Constituintes da Ciência da
Religião: cinco ensaios em prol de uma disciplina autônoma. – São Paulo:
Paulinas, 2006 – (Coleção apresentando a religião).
USARSKI,
Frank. Introdução. In: O espectro
disciplinar da Ciência da Religião. Frank Usarski (org.). – São Paulo:
Paulinas, 2007. – (Coleção pensando a religião)
USARSKI,
Frank. Perfil paradigmático da Ciência da
Religião na Alemanha. In: A(s) Ciência (s) da Religião no Brasil.
Faustino Teixeira (org.). – 2ª edição. - São Paulo: Paulinas 2008. – (Coleção
religião e cultura).
[1]
Mestre em Ciência da
Religião – (PUC-SP) Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; Pós-Graduado
em Administração, Supervisão e Orientação Pedagógica e Educacional – (UCP)
Universidade Católica de Petrópolis; foi aluno extraordinário do curso de
Pós-Graduação em Filosofia da (PUC-Rio) Pontifícia Universidade Católica do Rio
de Janeiro; Licenciado em Filosofia – (UNI-CV) - Universidade Pública de Cabo
Verde; Formado em Pedagogia (Curso Inicial de Formação de Professores do EBI) -
Instituto Pedagógico do Mindelo.
[2]
De acordo com Frank Usarski, “encontra-se uma variedade de nomenclatura da
disciplina. Dependendo da opção pelo singular ou pelo plural das constituintes
da denominação, usa-se em diferentes contextos um dos quatro rótulos possíveis:
ciências da Religião, ciência da religião, ciência das religiões e ciências das
religiões”. (USARSKI, 2007, p. 9). Apesar de todas as discussões, relativamente
a esse assunto, nesse artigo optei por usar a segunda opção, comumente aceite,
uma vez que, de nada adianta usar o plural, se seu estatuto epistemológico está
claramente formulado. De acordo com Eduardo Cruz, “todas as disciplinas
científicas, mesmo as mais bem estabelecidas, sofrem de tensões entre o
singular e o plural, e a Ciência da religião não se constituiria em uma exceção”.
(CRUZ, Eduardo, 2013, p. 44).
[3]
Ainda na época que antecede a institucionalização da disciplina teólogos,
filósofos e filólogos europeus como, por exemplo, o suíço Johann Georg Müller,
desde 1837 davam cursos na área de história das religiões. Paralelamente, aqui
e ali, o termo Ci6encia da Religião já havia sido aplicado. Pelo que se sabe os
dois primeiros a usarem essa designação foram Abbé Prosper Lablanc e F.
Stiefelhagem, porém, não no sentido estrito como no caso do orientalista alemão
Max Müller [...] (USARSKI, 2006, p. 23).
[4] Para Freud, a religião surgiu de uma necessidade de
defesa contra as forças da natureza, como todas as outras realizações da
civilização. No indivíduo, ela surge do desamparo. Esse desamparo é
inicialmente o desamparo da criança, e posteriormente, o desamparo do adulto
que a continua. (TAID, Glauber). Freud e
a religião: a neurose obsessiva universal da humanidade [Blog Perfeição].
Disponível no link: <http://glauberataide.blogspot.com.br/2007/10/freud-e-religio-neurose-obsessiva.html>. Consultado em 24/01/2017.
[5]
A temática da religião é realmente central dentro da Psicologia Analítica de
Jung, encontrando-se presente ao longo de suas Obras
Completas. Apenas para citar algumas obras do autor que abordam
diretamente a relação entre psicologia e religião há: Resposta à Jó, Psicologia da Religião Oriental e Ocidental, Símbolo da
transformação na missa, sem contar as outras obras como Aion, estudos
sobre o simbolismo do Si-Mesmo, e o prefácio de I Ching, de
Richard Wilhelm. De acordo com Croatto, “sua perspectiva de estudo do
fenômeno religioso é positivo. Um de seus pressupostos é o do ‘inconsciente
coletivo’, mais arcaico do inconsciente individual, é uma espécie de memória
ancestral, de sedimentação das vivências da primeira humanidade que se
formaliza em profundas marcas psíquicas: os
arquétipos. Os arquétipos do inconsciente seriam a fonte, tanto dos sonhos
como dos mitos da religião”. (CROATTO, 2010, p. 20),
[6]
No compêndio de Ciência da Religião, organizado pelos professores João Décio
Passos e Frank Usarski, parte V, cujo título é Ciência da Religião Aplicada (pgs. 577 a 691), encontra-se vários
artigos, relativamente a aplicação da Ciência da Religião, elaborado pelos
seguintes autores: Udo Tworuschka, Enzo Pace, Sérgio Rogério Junqueira, Edin
Abumanssur, Paulo Pinto, Afonso Soares, Agenor Brighenti e Ênio Pinto.
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