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domingo, 22 de maio de 2016

O papel de Max Müller para a consolidação da Ciência da Religião




Friedrich Max Müller, (1823-1900), foi um estudioso alemão de linguagem comparada, religião e mitologia. As áreas especiais de interesse de Müller foram a filologia sânscrita e as religiões da Índia. Müller foi educado em sânscrito, a língua clássica da Índia, e outras línguas em Leipzig, Berlim e Paris. Ele mudou para a Inglaterra em 1846 e se estabeleceu em Oxford em 1848, onde se tornou vice professor de línguas modernas em 1850. Ele foi nomeado professor de filologia comparativa em 1868.



Ainda na época que acontece a institucionalização da Ciência da Religião, teólogos, filósofos e filólogos europeus como, por exemplo, o suíço Johann Georg Muller, desde 1837 davam cursos da área de história de religiões. Paralelamente, aqui, e ali, o termo “Ciência da Religião” já havia sido aplicado. 

Pelo que se sabe, os primeiros dois autores que usaram essa designação foram Abbé Prosper Leblanc (1852) e F. Stiefelhagem (1858), porém, não no sentido estrito como no caso do orientalista alemão Max Müller, formado em Paris por Eugène Burnouf e desde 1854 contratado pela universidade de Oxford como indólogo e filólogo. 

Foi ele que, no prefácio do seu livro Chips from german Workshop, publicado em 1867 em Londres, introduziu o termo Ciência da Religião no sentido de uma disciplina própria. O que Muller esperava tornou-se mais claro no título de uma outra obra lançada em 1870, Uber die vergleichend Religionswissenchaft. 

Segundo ele, a Ciência da Religião teria de ser uma disciplina comparativa. Porém, não era muito concreto quanto a programática dessa nova matéria acadêmica. Mais do que isso, como representante do “paradigma mitológico-natural”, defendeu uma abordagem cada vez menos aceita à medida que no séc. XIX aproximava-se de seu fim.   

Essa escola de pensamento iniciada por Adalbert Kuhn n seu livro, Die Herabkunft dês feures und dês Gottertranks, publicada em 1859 em Berlim, referiu-se à fisiologia comparativa das línguas dos chamados povos indo-europeus interpretando os seus resultados de uma maneira específica. No olhar da “escola mitológica-natural”, figuras mitológicas e religiosas teriam de ser interpretados como personificações de objetos e fenômenos naturais, especificamente das grandes estrelas e eventos metrológicos como a tempestade e a chuva.   

Não somente do ponto de vista de hoje tal paradigma é obsoleto. As teorias de seus representantes já sofreram fortes críticas de contemporâneos, e Max Muller, o grande popularizador da “escola mitológica-natural”, tornou-se o objetivo preferido de escárnio. Cada vez mais desafiado por um paradigma alternativo, o da escola animista de Edward Burnett Tyler, Müller precisou observar a desmontagem da sua abordagem. 

Não obstante, Max Müller é até hoje apreciado como um dos mais importante pioneiros da Ciência da Religião. Além de ter insistido no status próprio da disciplina, ele despertou, em suas teses polêmicas, enorme interesse público por sua nova matéria e “incentivou, em vários sentidos, o uso das fontes, como base obrigatória do trabalho científico com as religiões. Exatamente por isso a contribuição mais duradora e valorosa do filólogo alemão foi a organização dos famosos Sacred Books of the Earth. Entre 1879 e 1898, dois anos antes da morte de Müller, a série chegou a 50 volumes.  
  
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Referências 
USARSKI, Frank. Constituintes da Ciência da Religião: cinco ensaio em prol de uma disciplina autônoma.- São Paulo: Paulinas, 2006 (Coleção representando a religião)
GRESCHAT, Hans-Jürgen. O que é ciência da religião? Trad. Frank Usarski. São Paulo: Ed. Paulinas, 2005.


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