Não existe consenso generalizado entre os grandes estudiosos sobre a seguinte questão: "RELIGIÃO E FILOSOFIA SÃO INIMIGAS?
A resposta pode ser sim, ou não, dependendo muito da filiação religiosa
ou filosófica de cada um.
Porém, muitos acreditam que uma precisa da outra.
Por que?
A resposta é óbvia,
pois, uma não existe sem a outra, ou seja, não existe religião sem uma base
filosófica nem filosofia sem raízes religiosas. Sendo assim, uma vive da outra
e ambas se influenciam dando sustentação mútua.
Os ataques contra a religião do ponto de vista científico ou filosófico são
ataques de um ponto de vista religioso adverso.
A colisão entre ciência natural
e religião cristã é, na verdade, entre o instinto da religião natural, fundido
na observação natural científica, e o valor da consciência cristã do Universo
que garante ao espírito sua preeminência no mundo natural. Esse instinto é o
próprio instinto da racionalidade.
Uma tradição puramente racionalista é tão impossível quanto uma tradição
puramente religiosa.
O idealismo crítico de Kant, por exemplo, é de origem
religiosa, e para salvar a religião, Kant ultrapassou os limites da razão depois
de dissolvê-la, em certo modo, no ceticismo.
O sistema de antítese,
contradições e antinomias sobre a qual Hegel constitui seu idealismo absoluto
se origina em Kant e essa raiz é uma raiz irracional.
[Do sentido do trágico da Vida]
Unamuno
Sem comentários:
Enviar um comentário