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segunda-feira, 19 de agosto de 2019

BUDA: O CAMINHO DO MEIO



Siddhartha Gautama (566 a. C.- 486 a. C.), ou Buda “o desperto”, foi ele próprio um tipo de extremista em períodos diferentes de sua vida e descobriu que os extremos não nos ajudam a tornar-se despertos. Aos 40 anos, depois de anos de autoindulgência seguido por um árduo ascetismo religioso, ele tornou-se totalmente iluminado enquanto estava sentado em baixo de uma árvore bodhi.

Buda afirmou que os extremos não conduzem, em si a iluminação. Esses extremos são ilustrados na infelicidade que vemos no ocidente materialista e entre praticantes de religiões fanatizadas e o hedonismo americano que produz demais e consome demais. Cada um desses extremos acusa o outro de diabólico.

O Caminho do Meio de Buda nos ajuda a evitar esses extremos pela prática da moderação em nossas próprias vidas e da compaixão pelo sofrimento alheio. Ele nos ensina a não usar nossas diferenças como base de apegos negativos, como o ódio.

Qual é o Caminho do Meio de Buda? O caminho do meio é a reverência pela santidade da vida: a vida de cada um, a vida das outras pessoas, a vida da natureza e todas as inter-relações extensivas e intrincadas. Entretanto, para a consistência harmoniosa com os outros, precisamos “coexistir” harmoniosamente conosco.

Por isso, Buda pensa nas Quatro Nobres Verdades, que constituem na teoria e na prática de tal coexistência harmoniosa, pois, sua filosofia é racional, empírica, ou seja, científica. Então cada um pode testá-la.  

A Primeira Nobre Verdade é que a vida engendra o sofrimento, ou seja, todos sofrem: cristãos, muçulmanos, ateus, agnósticos, etc. o sofrimento é uma verdade inegável da existência humana...

A Segunda Nobre Verdade diz que o sofrimento tem suas causas, ou seja, todos os fenômenos estão sujeitos às leis de causa e efeito. Os ciclos de sofrimento humano, a luta, a dor, o desgosto, a lamentação, o desespero, o arrependimento, a doença e a morte – cada um tem sua causa...

A Terceira Nobre Verdade diz que a causa do sofrimento podem ser eliminadas, pois, o sofrimento humano desaparece quando suas causas são eliminadas, abrindo caminho para a harmonia, da tristeza para a felicidade, do desgosto para a alegria, da lamentação para a celebração, do desespero para a esperança, do arrependimento para a realização. Tudo é fugaz e temporário...   

A Quarta Nobre Verdade indica o caminho para libertar-se do sofrimento. Buda aponta um conjunto de práticas explícitas para a realização desta tarefa através do caminho óctuplo, pois, existem oito etapas de prática para a diminuição do sofrimento, ou seja: 
A compreensão correta (entender o sofrimento), o pensamento correto (ter boa vontade inofensiva), a palavras correta (entender o poder das palavras), a ação correta (fazer as coisas com moderação), o modo de vida correto (ganhar a vida de maneira prestativa), o esforço correto (encarar desafio de maneira construtiva), atenção correta (presença da mente, consciência das emoções) e a concentração correta (desenvolver poderes mentais da atenção, visualização, da compressão, da compaixão que levam a serenidade e tranquilidade).    
Isto é em parte, o que explica o fato de o Budismo ser mais do que uma religião, pois, qualquer outra religião depende do poder externo para a salvação  ou para a redenção. O Budismo não depende de poderes externos, pois, em vez disso, mobiliza recursos que estão dentro de cada um. O caminho do Meio mora dentro de cada um, e o Budismo desperta para ele.




Referência: 

MARINOFF, Lou. O caminho do meio. Tradução de Paulo Andrade Lemos e Márcia Sobreiro. – Rio de janeiro: Record, 2008, p. 97 a 104.

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