A atual crise existencial em que vivemos tem reflexos na política, na religião, na moral, na ética e nas infinitas formas com que nós nos relacionamos com os outros seres viventes. Essa crise faz com que nós não sejamos mais autores da nossa própria história, mas, apenas repetidores de padrões exteriores de comportamentos.
As conseqüências já são conhecidas,
pois, o Homem atual prefere a comodidade e a aprovação das massas ao protagonismo
do ‘Eu’. Esse Homem que esqueceu o seu ‘Eu’ reflete a incapacidade de lidar com
o sentimento de vazio que nos invadiu e corrói nossa existência a ponto de
querermos fugir de nós mesmos e procurar o amparo das multidões, ou seja, das grandes
aglomerações.
As multidões, como se sabe, têm como premissa
básica livrar-nos do tédio, da solidão e da angústia, estratégias mais do que
suficientes para alimentar nossa tendência a desviarmos de nós mesmos e
refugiar, em última instância, na estéril diversão, no jogo, na algazarra das
aglomerações, manifestações empíricas das nossas infinitas misérias existenciais.
No decorrer dos últimos tempos e,
especialmente, no último ano, fomos obrigados a aprender a conviver com a
tensão permanente entre a vida e a morte, o agora e o depois, o sim e o não, a
alegria e a tristeza, a harmonia e a desordem (...) paradoxos que só os que estão
agonizando numa CTI são capazes de superar, pois, nada além da vida é mais
importante.
Perante a luta pela vida, todos os
paradoxos dissolvem-se. Mas, apenas aqueles que dão por perdido a vida que não
merece ser vivida, a guardarão. Isso significa abrir mão das ilusões e das
distrações mundanas, das mais variadas formas de escapismos e das satisfações
fugazes desse breve instante que nos fomos convidados a permanecer na terra.
Precisamos urgentemente (re)descobrir esse
cenário cada vez mais complexo e desafiador em que cada biografia é feita de
lutas que não tem sua origem e destino no palco contingente da nossa telegráfica
existência.
Então, aproveitemos essa curta existência
e cuidemo-nos uns dos outros!
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