Não confunda:
árabes, curdos, turcos e persas são grupos étnicos que habitam diferentes
países; já sunitas e xiitas são vertentes da religião islâmica.
Para começar,
é preciso fazer uma distinção básica: árabes, curdos, turcos e persas são
grupos étnicos, enquanto xiitas e sunitas são seguidores de correntes do
islamismo. Nem todo muçulmano é árabe, nem todo árabe é muçulmano.
Os árabes são
o maior grupo étnico do Oriente Médio. São maioria no Egito, Jordânia, Síria,
Líbano, Iraque, nos países da península Arábica e nos territórios sob a
Autoridade Palestina. Também estão presentes nos países do norte da África,
reunindo ao todo 415 milhões de pessoas. O grupo é originário da península
Arábica, de onde se espalharam, a partir do século 7, em uma grande corrente
migratória provocada pela expansão do islamismo. O principal fator que os
une, porém, não é a religião, mas a língua, que pertence ao tronco semítico
(assim como o hebraico).
Os persas são
descendentes de povos indo-europeus que chegaram à região do Irã através da
Ásia Central por volta do ano 1000 a.C. A língua é escrita em caracteres
árabes, mas é parente da nossa. “Sendo uma língua indo-europeia, o persa é mais
próximo do português que do árabe”, afirma Paulo Daniel Farah, professor de
Língua, Literatura e Cultura Árabes da Universidade de São Paulo.
Os turcos são
originários da Ásia Central, de onde migraram por volta do século 10. Eles
formam mais de 80% dos habitantes da Turquia. O idioma era escrito em
caracteres árabes até 1929, quando se adotou o alfabeto latino. Não confunda
árabe com turco. Durante seis séculos, até a Primeira Guerra Mundial, os
árabes do Líbano e da Síria foram dominados pelo Império Turco-Otomano. A
confusão veio dos passaportes que eles usavam para entrar no Brasil – o
documento era turco, mas o portador era árabe.
Os curdos são
o maior grupo étnico sem Estado do mundo. Embora não haja um número exato dessa
população, o Instituto Curdo de Paris, uma entidade que se dedica a estudar
esse grupo, estima que existem entre 36,4 milhões e 45,6 milhões de curdos no
mundo. Eles ocupam um território de cerca de 500 mil quilômetros quadrados –
maior que o do Iraque – que engloba parte da Turquia, Irã, Iraque, Síria,
Armênia e Azerbaijão. O idioma curdo é indo-europeu, como o persa, mas a grafia
varia. “Os curdos da Turquia usam o alfabeto latino. Os da Síria, Iraque e Irã
usam o árabe”, diz Farah.
Religião
Mais de 90%
da população do Oriente Médio professa o islamismo. A religião, que conta com
1,8 bilhão de fiéis em todo o mundo, tem duas principais vertentes: o sunismo e
o xiismo. Os sunitas são maioria, cerca de 85% do total. A palavra vem do
árabe sunnat annabi (“tradição do profeta”). Os xiitas são maioria
apenas no Irã, Iraque e Barein.
Essa divisão
existe por causa de uma disputa para decidir quem seria o legítimo sucessor
político e religioso do profeta Maomé – a sua linha sucessória não estava
clara. Isso gerou uma briga entre seus familiares após sua morte, e desde então
os islâmicos se dividiram em vertentes com visões distintas de como as
autoridades, os califas, deveriam ser escolhidos.
1. Meca
É a cidade
mais sagrada para todos os muçulmanos. Ali está o santuário da Caaba, local de
peregrinação anual (hajj) construído por Abraão, o patriarca bíblico. Todo fiel
deve fazer suas cinco orações diárias voltado para Meca.
2. Jerusalém
O maior
centro de tensão do Oriente Médio é a terceira cidade mais sagrada para os
sunitas (cristãos e judeus também a têm como santuário). Lá está a mesquita do
Domo da Rocha, de onde Maomé teria ascendido aos céus.
3. Karbana
Santuário
xiita onde está o túmulo de Hussein, neto de Maomé. Ele acreditava ser o
sucessor do profeta, mas quem assumiu o trono foi Yazid. Seu assassinato marcou
o cisma entre os xiitas – seguidores de Ali, pai de Hussein – e os sunitas.
4. Najaf
A cidade é o
terceiro local de adoração dos xiitas. Lá está o túmulo de Ali, genro de Maomé
e pai de Hussein. Os xiitas consideram Ali o sucessor de Maomé. A cidade é
aberta a não muçulmanos, ao contrário de Meca e Medina.
5. Medina
Guarda os
restos mortais do profeta Maomé e foi a cidade para onde o profeta fugiu. Essa
fuga, no ano de 622, é chamada de Hégira e marca o início do calendário
muçulmano. É o segundo local mais sagrado para qualquer fiel do Islã.
6. Mashad
É onde está o
túmulo do imã Ali al Rida, mártir para os muçulmanos xiitas. Centro importante
de peregrinação no Irã, Mashad é considerada a quinta cidade mais sagrada do
xiismo (o quarto lugar é ocupado por Karbala).