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sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Mãe Stella de Oxóssi [1925-2018]



"Pra quem não é de candomblé, deixa eu explicar uma coisa: neste dia perdemos mais que um grande nome dentro do candomblé, perdemos uma grande mulher. Um grandessíssimo exemplo de mulher.

Mãe Stella foi raspada (iniciada no candomblé) com 13 anos de idade, mas essa não é a questão. Com 51 anos, foi escolhida para liderar o terreiro Ilê Axé Opó Afonjá.

Com esta idade muitos costumam achar que já fizeram demais ou que nada mais tem a desenvolver. Mãe Stella não.

Em 1999, Mãe Stella conseguiu que o terreiro fosse tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).


Em 2005, recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade Federal da Bahia (Ufba). Quatro anos depois, recebeu o mesmo título pela Universidade do Estado da Bahia.
Além disso, Mãe Stella foi agraciada com a Comenda Maria Quitéria, da Prefeitura de Salvador, com a Ordem do Cavaleiro, do Governo do Estado, e a Ordem do Mérito, do Ministério da Cultura.

Estudiosa e divulgadora da crença religiosa africana, Mãe Stella foi a primeira ialorixá no Brasil a escrever livros e artigos sobre o candomblé.

Em 2013, foi eleita, por unanimidade, para a Academia de Letras da Bahia, ocupando a cadeira de número 33, cujo patrono é o poeta Castro Alves.

A ialorixá tem nove livros publicados, entre eles “Meu tempo é agora”, “Òsósi – O Caçador de Alegrias”, “Epé Laiyé- terra viva” e "Ófun".

No Ilê Axé Opô Afonjá, montou o primeiro museu aberto em uma casa de candomblé, onde podem ser vistas as roupas e os objetos usados pelas mães de santo da casa e pelos orixás.

Em 2014, ela também foi a homenageada da Flica, festa literária que é realizada todos os anos na cidade de Cachoeira, no Recôncavo Baiano. Na mesma época, criou a biblioteca itinerante adaptando um ônibus para levar a qualquer lugar livros que abordam curiosidades sobre todas as religiões.

Em 2017, Mãe Stella idealizou e lançou um aplicativo com orientações e mensagens de fé e motivação e ainda decidiu criar um canal no YouTube com ensinamentos e referências da cultura iorubá, memórias, depoimentos e textos sobre a sua vida.

Perdemos hoje uma mulher que nos ensinou mais que religião, nos ensinou que todo dia temos a oportunidade de fazer mais, de ir além. Nos mostrou a força e a resiliência feminina."


Fonte
Renata Cassini. Publicado em:<https://www.facebook.com/raizancestralndanji/posts/2316572028622674>. Acesso em 28/11/2018.

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