"Pra quem não
é de candomblé, deixa eu explicar uma coisa: neste dia perdemos mais que um
grande nome dentro do candomblé, perdemos uma grande mulher. Um grandessíssimo
exemplo de mulher.
Mãe Stella
foi raspada (iniciada no candomblé) com 13 anos de idade, mas essa não é a
questão. Com 51 anos, foi escolhida para liderar o terreiro Ilê Axé Opó Afonjá.
Com esta
idade muitos costumam achar que já fizeram demais ou que nada mais tem a
desenvolver. Mãe Stella não.
Em 1999, Mãe
Stella conseguiu que o terreiro fosse tombado pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Em 2005,
recebeu o título de doutor honoris causa pela Universidade Federal da Bahia
(Ufba). Quatro anos depois, recebeu o mesmo título pela Universidade do Estado
da Bahia.
Além disso,
Mãe Stella foi agraciada com a Comenda Maria Quitéria, da Prefeitura de
Salvador, com a Ordem do Cavaleiro, do Governo do Estado, e a Ordem do Mérito,
do Ministério da Cultura.
Estudiosa e
divulgadora da crença religiosa africana, Mãe Stella foi a primeira ialorixá no
Brasil a escrever livros e artigos sobre o candomblé.
Em 2013, foi
eleita, por unanimidade, para a Academia de Letras da Bahia, ocupando a cadeira
de número 33, cujo patrono é o poeta Castro Alves.
A ialorixá
tem nove livros publicados, entre eles “Meu tempo é agora”, “Òsósi – O Caçador
de Alegrias”, “Epé Laiyé- terra viva” e "Ófun".
No Ilê Axé
Opô Afonjá, montou o primeiro museu aberto em uma casa de candomblé, onde podem
ser vistas as roupas e os objetos usados pelas mães de santo da casa e pelos
orixás.
Em 2014, ela
também foi a homenageada da Flica, festa literária que é realizada todos os
anos na cidade de Cachoeira, no Recôncavo Baiano. Na mesma época, criou a biblioteca
itinerante adaptando um ônibus para levar a qualquer lugar livros que abordam
curiosidades sobre todas as religiões.
Em 2017, Mãe
Stella idealizou e lançou um aplicativo com orientações e mensagens de fé e
motivação e ainda decidiu criar um canal no YouTube com ensinamentos e
referências da cultura iorubá, memórias, depoimentos e textos sobre a sua vida.
Perdemos hoje
uma mulher que nos ensinou mais que religião, nos ensinou que todo dia temos a
oportunidade de fazer mais, de ir além. Nos mostrou a força e a resiliência
feminina."
Fonte:
Renata
Cassini. Publicado em:<https://www.facebook.com/raizancestralndanji/posts/2316572028622674>. Acesso em 28/11/2018.