Apresentação de Dissertação de Mestrado em Ciência da Religião na
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo para a obtenção do Título deMestre
AGRADECIMENTOS:
Agradeço a Deus por mais essa oportunidade de estar
realizando mais esse sonho, aos meus pais que não estão mais entre nós, mas,
devem estar orgulhosos de mim, a CAPES, que financiou minha bolsa de estudos, a
PUC e a todos os colegas e professores, e especialmente ao meu orientador que
me abriu as portas aqui na PUC, ao professor Edênico que esteve na minha
qualificação e está aqui de novo, ao professor Andrei que se disponibilizou em
participar dessa banca, aos professores suplentes Ênio Silva e Ivinil Parraz, e
o professor Queiroz e a todos vocês que estão aqui presentes.
TEMA:
Ø PARADOXOS DA CONDIÇÃO HUMANA: Grandeza e Miséria Humana como Paradoxo Fundamental na filosofia de Blaise Pascal.
Ø PARADOXOS DA CONDIÇÃO HUMANA: Grandeza e Miséria Humana como Paradoxo Fundamental na filosofia de Blaise Pascal.
OBJETIVO GERAL:
Ø Investigar e analisar a concepção existencial do homem paradoxal presente na obra Pensamentos de Blaise Pascal.
Ø Investigar e analisar a concepção existencial do homem paradoxal presente na obra Pensamentos de Blaise Pascal.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Ø Investigar os precursores filosóficos e teológicos
do conceito de natureza humana e a gênese da visão antropológica do homem
pascaliano;
Ø Analisar os estados da natureza humana “antes e depois da queda” e os efeitos da herança do pecado adâmico;
Ø Analisar a condição paradoxal do homem, entre miséria e grandeza como problema da fundamentação do conhecimento humano;
Ø Analisar as dimensões do conhecimento humano em Pascal e os paradoxos que fazem do eu um ser dividido entre miséria e grandeza;
Ø Analisar os efeitos imaginação, do divertimento e da angustia na filosofia de Pascal.
Ø Analisar os estados da natureza humana “antes e depois da queda” e os efeitos da herança do pecado adâmico;
Ø Analisar a condição paradoxal do homem, entre miséria e grandeza como problema da fundamentação do conhecimento humano;
Ø Analisar as dimensões do conhecimento humano em Pascal e os paradoxos que fazem do eu um ser dividido entre miséria e grandeza;
Ø Analisar os efeitos imaginação, do divertimento e da angustia na filosofia de Pascal.
PROBLEMA DE PESQUISA
Ø Até que ponto legado filosófico e teológico pascaliano
sobre a condição paradoxal do homem, revela-se atual nos dias de hoje.
HPOTESE:
Ø Partindo do pressuposto teológico (pecado original) e, consequentemente a queda, analisar a concepção antropológica paradoxal do homem pascaliano, visando corroborar a tese de Pascal segundo a qual “a grandeza do homem é grande por ele conhecer-se miserável [...] É então ser miserável conhecer (-se) miserável, mas é ser grande conhecer que se é miserável”.
CAPÍTULO – I
Ø Caráter introdutório e biográfico de Pascal, onde ilustramos três momentos distintos na formação do seu pensamento: a gênese, a afirmação e o reconhecimento da obra de e a repercussão do seu legado.
CAPÍTULO
II
Precursores filosóficos e teológicos da concepção da natureza humana em
Blaise pascal
Estudamos os precursores filosóficos e teológicos da
concepção de natureza humana e enfatizamos algumas controvérsias em torno de
vários conceitos, que mais tarde Pascal viria a incluir no seu pensamento.
CAPITULO
- III
Concepção antropológica do homem pascaliano
Ø Analisamos as bases teóricas para a compreensão do homem pascaliano, através do estudo antropológico, relacionando assim as duas antropologias com os dois estados de natureza humana (antes de depois da queda) para que pudéssemos fundamentar o conhecimento do homem em suas múltiplas dimensões, como ser natural e racionalmente limitado, e melhor compreender os paradoxos humanos.
Ø Analisamos as bases teóricas para a compreensão do homem pascaliano, através do estudo antropológico, relacionando assim as duas antropologias com os dois estados de natureza humana (antes de depois da queda) para que pudéssemos fundamentar o conhecimento do homem em suas múltiplas dimensões, como ser natural e racionalmente limitado, e melhor compreender os paradoxos humanos.
CAPÍTULO
IV
Ø Analisamos os conceitos de grandeza e miséria como argumento
antropológico em Pascal que, “começa com a observação: os seres humanos exibem qualidades de grandeza e miséria”. Essa
premissa norteou nossa investigação e nos permitiu confirmar à luz do
pensamento pascaliano e de outros scholars,
a hipótese inicial.
CAPÍTULO
– V
Concepção epistemológica e psicológica do homem pascaliano
Ø Nosso foco foi a epistemologia e a psicologia
pascalianas, uma vez que, existe entre elas uma relação estreita. Ambas são marcadas
por traços de insuficiência, desproporção e miséria existencial, observáveis
empiricamente a partir do momento em que o homem passa a constatar sua
verdadeira natureza.
1. Do pensamento de Blaise pascal gênese – afirmação – reconhecimento
Sabemos pouco e paradoxalmente
sabemos muito sobre Pascal. Primeiro porque não escreveu sobre si mesmo,
entretanto sabemos muito porque seus escritos sobre a natureza humana, a
sociedade e a salvação dizem muito sobre ele.
Blaise Pascal (1623-1662)
considerado como sendo gênio da ciência, (matemático, físico), filósofo,
teólogo, gênio da literatura universal, defensor do cristianismo, polemista mordaz.
Em muitos aspectos pode ser considerado o homem mais representativo da França. Jacques
Attali ousa afirmar que:
O que Platão é para Grécia, Dante para
Itália, Cervantes ou Santa Teresa para a Espanha, Shakespeare para
Grã-Bretanha, Pascal é para a França.
Mas não foi fácil chegar a esse
patamar, primeiro censurado, depois negligenciado, para depois ser admirado e
objeto de culto. Embora tenha tido uma vida breve, soube justificar sua
existência. De criança prodígio a gênio, não foi preciso muito tempo, mas, tudo
foi à custa de um corpo débil que após vários trabalhos ligados à ciência retomou
o caminho da religião. Não há dúvidas que Pascal, foi realente um apologeta,
que soube compreender o drama de sua época e a tragédia vivida pelos homens. Sua
apologia propõe métodos e conteúdos atuais, porque dirige diretamente ao
coração do homem, lá onde cada um sente amado e provocado.
2. Precursores
filosóficos e teológicos da concepção da natureza humana em Pascal
Ao investigarmos sobre a natureza
humana em Pascal, quando traçamos um paralelo com outros pensadores é inegável
que se tenha ora aproximado, ora afastada dos mesmos, como forma de fundamentar
sua própria concepção. Ele organiza seu pensamento em torno de questões que já
haviam sido tratados por Santo Agostinho. Acabamos observando que as posições assumidas
posteriormente acabam corroborando as teses que emergiram da controvérsia entre
Agostinho e Pelágio. De entre esses pensadores investigados, o que mais próximo
de Pascal, é Descartes, a quem conheceu pessoalmente (1647), mas, como ficou
expresso, o clima reinante entre os dois não era propriamente de amizade.
Pascal, muitas vezes critica seu contemporâneo, chegando mesmo a apelida-lo de
inútil e incerto.
Porém, suas contribuições e as dos outros
pensadores, foram determinantes, uma vez que, Pascal, por experiência sabe que
não se deve descartar o contraditório. É por isso que o homem pode viver com
suas contrariedades, suas fraquezas e grandezas, sua fé e sua razão, sua
suficiência e sua insuficiência. Assim concluímos que, a natureza humana em
Pascal é marcada pela inconstância, diversidade, relatividade, contingência,
paradoxo e desproporção. O homem parece estar suspenso entre o nada e o
supremo: muito mais que o nada, muito menos que o supremo, (ser do meio) suas
realizações parecem conduzi-lo ao nada ou a transcendência.
3. Concepção
antropológica do homem pascaliano
Seguramente, a antropologia
pascaliana tem raízes na interpretação bíblica, em torno do pecado original[1], da queda, do
livre-arbítrio e da graça. Ele funda um campo antropológico da INSUFICIENCIA
humana, partindo de uma questão teológica (abstrata), para chegar ao aspecto
psicológico, social, político, epistemológico e mesmo ontológico da
insuficiência.
Nesse aspecto a interpretação das
três ordens desempenha um papel fundamental na compreensão da antropologia
existencialista pascaliana, na medida em que nos ajuda a entender melhor a
verdadeira situação do homem após a queda e a relacionar as três concupiscências
(carne, olhos e orgulho) com as três ordens das coisas (carne, espírito e
vontade) para melhor distinguir os três tipos de homens (carnais, curiosos e
sábios).
Entre essas três ordens não há
possibilidades comunicação, tendo em conta as suas naturezas disjuntivas. Para
André Comte Sponville, “Pascal é o filósofo que separa as ordens, e por isso
sua filosofia é trágica.” Uma coisa é certa, Pascal, está convicto que, depois
da queda o espírito humano perdeu o poder de discernir a verdade, inclusive no
campo religioso.
4. Grandeza e miséria como paradoxo fundamental na filosofia
de Blaise Pascal
Como foi referido o argumento
antropológico de Pascal começa com a seguinte observação: os
seres humanos exibem qualidades ou traços de grandeza e de infinitas
misérias. Para
Robert Velarde:
Esse
argumento é atraente, porque começa com uma observação da natureza humana, em
vez de um argumento à existência de Deus, a confiabilidade na Bíblia, a
validade da crença na ressurreição de Cristo.
Em nossa opinião, a formulação desse
argumento teve como precursores dois filósofos: Epiteto e Montaigne, cada um
representando uma corrente filosófica, o Estoicismo e o Ceticismo, (análise
unilateral do homem). Mas, nem um, nem outro estava certo, uma vez que segundo
Pascal, a verdadeira condição do homem, só pode estar na conjugação dessas duas
posições sobre o homem. Segundo Peter Kreeft.
Os filósofos não deveriam ser divididos em “otimistas”
e “pessimistas” ou em filósofos da grandeza e miséria, mas em “paradoxicalists”
e “nonparadoxicalists”. Paradoxicalists são filósofos como Pascal que tem uma
visão aberta para ver em ambas as direções. Ver para o homem com ambos os olhos
abertos. Muitos filósofos são
unidimensionais (nomparadoxicalists) porque cobrem um dos olhos.
Segundo Pascal, o homem vive uma
situação paradoxal marcada por traços de grandeza e miséria. No plano interno,
ela reflete-se na luta entre a razão e as paixões; no plano externo entre o
homem e a natureza. Apesar de viver constantemente em guerra consigo mesmo e
com os outros, o homem ambiciona o amor e a estima dos outros. De acordo com Franklin L. e Silva
Isso acontece porque a
contradição está presente na natureza humana. Existe em nós uma grandeza, (origem
divina) e uma miséria, (pecado original), e fora dessa contradição constitutiva
de nós mesmos, não há conhecimento possível.
É por isso que é perigoso
demonstrar ao homem sua miséria sem lhe mostrar a sua grandeza. E é também
perigoso mostrar-lhe demais a sua grandeza sem a sua miséria. É mais perigoso
ainda deixá-lo ignorar uma e outra coisa, mas é vantajosíssimo apresentar-lhe
uma e outra.
É incontestável para nós que exista
uma relação estreita entre a epistemologia e a psicologia pascaliana, uma vez
que, na sua epistemologia, não existe uma “razão suficiente” como queria
Descartes. A razão humana segundo Pondé é reclusa de um “provincianismo
cognitivo”. Peter Kreeft afirma que:
Ela
não é inválida, mas é fraca, Ela é como a visão humana: somente uma estreita
faixa de uma cor é visível para ela. Todos os extremos são invisíveis para os
olhos e incompreensíveis para a razão.
Entretanto, ao perceber sua
condição insuficiente, nada mais lhe resta a não ser apelar à imaginação, como
forma de superar suas barreiras cognitivas, mas, a imaginação, nada mais é do
que a superpotência enganadora da razão. Sozinho, infeliz, incapaz de
transcender sua condição miserável, o homem cai no tédio, após várias
tentativas de fuga se si mesmo através do divertimento.
Finalizando, não temos dúvida que
nossos objetivos foram atingidos e nossa hipótese corroborada por várias
passagens ao longo da dissertação que traz a tona, a tragicidade com que Pascal
analisa o destino do homem pela arrogância de querer igualar-se a Deus, pela finitude
diante da infinitude e da atemporalidade do seu Criador, pela sua miserabilidade
existencial, pela pigmeização diante de um universo grandioso, pela incapacidade
racional de ordenar e conhecer tudo o que o rodeia e o transcende e pela infinita
procura do lugar perdido, enfim, tudo no homem, parece começar e terminar com “gemidos”
de dor e de desespero.
[1]
O conceito teológico de “pecado original” apoia em
várias passagens das Escrituras: a Epístola de Paulo aos
Romanos (5:12-21) e aos Coríntios (1 Co 15:22), e uma passagem
do Salmo 51, Pascal fará a distinção entre os dois estados do homem “antes
e depois do pecado”.
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