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segunda-feira, 7 de abril de 2025

A SERVIDÃO COLETIVA É VOLUNTÁRIA OU NÃO?



Em sua obra "Discurso da Servidão Voluntária" (1576), Étienne de La Boétie questiona: "Como tantos homens suportam o jugo de um só, se não fosse porque eles mesmos o consentem?"

Essa reflexão é atualíssima ao analisarmos ditadores como Kim Jong-un (Coreia do Norte), Vladimir Putin (Rússia), Alexander Lukashenko (Bielorrússia) e Nicolás Maduro (Venezuela), cujos regimes se sustentam não apenas pela força, mas pela suposta passividade ou colaboração do povo.
La Boétie afirma que "os tiranos só dominam porque o povo aceita ser dominado".

Na Coreia do Norte, Kim Jong-un cultiva uma devoção quase religiosa, usando propaganda massiva e terror para aniquilar dissidências;

Putin, por sua vez, manipula o nacionalismo russo e controla a mídia, criando a ilusão de consenso;

Lukashenko e Maduro perpetuam-se no poder através de um aparato burocrático corrupto e da repressão, mas também da apatia popular.

Como escreveu La Boétie: "É o povo que se escraviza, que se corta a garganta", ao legitimar eleições fraudulentas ou silenciar diante de atrocidades. Mas o autor também oferece a saída: "Decidi não servir mais, e sereis livres".

De fato, a resistência coletiva e pacífica é capaz de desmontar qualquer tirania, pois, como lembra La Boétie, "o tirano só tem o poder que lhe dão". Se as massas recusarem a cumplicidade, seja pelo medo, pela indiferença ou pelo interesse , o poder opressor se esvai. A liberdade, portanto, não é uma concessão, mas uma conquista daqueles que ousam romper com a servidão voluntária.

Enquanto houver "servidão voluntária", ditadores prosperarão. A obra de La Boétie é um alerta: a liberdade exige coragem para romper com a cumplicidade silenciosa.


quinta-feira, 20 de março de 2025

Maktub: origem, significado e reflexões sobre destino e aceitação na jornada humana




A expressão "Maktub", de origem árabe, significa literalmente "está escrito" e carrega consigo uma profunda carga filosófica e espiritual. Enraizada na cultura islâmica, a palavra está associada ao conceito de qadar, ou destino, que afirma que todos os eventos da vida são predeterminados pela vontade divina (Allah). 

Essa noção reflete a crença de que o curso da existência humana já está traçado, cabendo ao indivíduo aceitar e seguir seu caminho com fé e resignação.

A importância de "Maktub" transcende o âmbito religioso, influenciando também a literatura e a filosofia. O termo ganhou notoriedade global por meio da obra "O Alquimista", de Paulo Coelho, onde é utilizado para transmitir a ideia de que cada pessoa tem uma missão única e que o universo conspira para que ela cumpra seu destino. Essa concepção inspira reflexões sobre resiliência, aceitação e confiança no processo da vida.

No contexto acadêmico, "Maktub" pode ser analisado como um conceito que une espiritualidade, ética e filosofia existencial. Ele nos convida a refletir sobre o equilíbrio entre o livre-arbítrio e o determinismo, além de destacar a importância de enfrentar os desafios com serenidade, confiando que cada experiência tem um propósito maior. 

Assim, "Maktub" não apenas expressa uma visão de mundo, mas também oferece uma perspectiva de esperança e significado para a jornada humana.