No século V da nossa era, “graça” foi um dos temas mais polêmicos que colocou o ‘Monge Pelágio’ e ‘Santo Agostinho’, em lados opostos.
Pelágio defendia que a ‘graça’ já está no homem de forma ‘suficiente’ de tal modo que bastava fazer bom uso do livre-arbítrio para realizar o bem.
Agostinho defendia que a ‘graça’ presente no homem depois da queda adâmica é ‘insuficiente’. Apenas a ‘graça eficaz’ regenera a vontade corrompida pela queda e possibilita o homem cooperar com Deus.
Os tomistas, defendiam uma posição mediana: Deus concede a todos os homens a ‘graça suficiente’, mas a alguns somente a ‘graça eficaz’ necessária para que a ‘graça suficiente’ produza seus frutos.
Essa polêmica foi retomada na França do séc. XVII entre jansenistas (herdeiros da tradição agostiniana) jesuítas (herdeiros da tradição pelagiana). Em verdade o que estava em jogo era da autossuficiência 'versus' insuficiência humana. A ‘graça’ era uma questão soteriológica (salvação). Em outras palavras, a controvérsia opunha o discurso afirmativo da autonomia humana 'contra' a tendência em desfavor dessa mesma autonomia.
Nesse novo cenário, Blaise Pascal deu um brilho permanente a esses debates teológicos, tendo redigido ‘Os escritos sobre a graça’, uma obra teológica em que manifesta sua aderência à posição jansenista contra o pelagianismo jesuítico.
Da Teologia francesa do século XVII a Política brasileira do séc. XXI, muita coisa mudou. Quem tinha o real poder de conceder a ‘graça’, foi relegado ao segundo Plano. Neste ‘continente’, o falso ‘Messias’ já pode conceder a graça a quem bem entender.
Conclusão: Pelágio 'ganhou' e Santo Agostinho perdeu. O homem 'ganhou' e Deus perdeu.
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