Pesquisar neste blogue

terça-feira, 19 de junho de 2018

IDAS E VINDAS DO SAGRADO



IDAS Y VINDAS DE LO SAGRADO [IDAS E VINDAS DO SAGRADO]
In: La Religion pour memorie - Danièle Hervieu-Léger

Seminário apresentado na disciplina Grandes Temas da Ciência da Religião, sobre a obra La religion pour memorie (A religião por memória), capítulo terceiro Idas y Vindas de lo Sagrado (Idas e Vindas do Sagrado), da socióloga francesa Danièle Hervieu-Léger.


                                                                                       Pelos doutorandos:
Arlindo ROCHA; Elaine HONORATO;
Marco SÁ; Bernardette MARCELINO

Idas e Vindas do Sagrado

Devido à perda da influência das religiões institucionais e a dispersão dos símbolos religiosos, nas sociedades modernas, vários pesquisadores tem tentado evitar os obstáculos apelando ao sagrado. Desde o final dos anos 70, foram feitos muitos estudos abordando o “sagrado” sob várias perspectivas, por isso, o objetivo deste capítulo é tentar explicar, em termos gerais, a confusão que os caracteriza, pois, as tentativas de esclarecer a relação entre a religião e sagrado tem contribuído para complicar ainda mais esses estudos.

Danièle Hervieu-Léger [fev. de 1947] 


Formada em Direito pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris; Doutora em Sociologia, Ciências Humanas e Letras pela Universidade da Sorbonne René-Descartes; foi pesquisadora da CNPQ de 1974 a 1992; Dirigiu a Escola de Estudos Superiores em Ciências Sociais e o Centro de Estudos Interdisciplinares de Fatos Religiosos de 1993 a 2004. Foi editora-chefe de a revista Archives of Social Sciences of Religions de 1986 a 2004. Em 2008, ela foi nomeada Presidente do Comitê Diretor para o Desenvolvimento da Estratégia Nacional de Pesquisa e Inovação, mas renunciou em 2009.Recebeu a medalha de prata do CNPQ em 2001; Foi nomeada Cavaleira da Ordem Nacional da Legião de Honra e Oficial da Ordem Nacional do Mérito e da Academic Palms; Em 2002, recebeu um doutorado honorário da Faculdade de Teologia da Universidade de Uppsala, na Suécia.

As Idas e Vindas do sagrado é o terceiro capítulo do livro La Religion pour memorie escrito por Danièle Hervieu-Léger, francesa, doutora em sociologia e autora de vários outros livros.[1] Suas obras são dedicadas à descrição sociológica e a interpretação teórica da religiosidade moderna, secularização, individualização da crença, formas de religiosidade; é especialista no cristianismo e trabalha particularmente com os problemas de transmissão, conversão e formação de identidades religiosas modernas.
Neste capítulo ela reúne o pensamento de vários autores, na maioria sociólogos, para discutir o conceito de sagrado, entrelaçando suas próprias opiniões com a dos autores citados. Desse “diálogo” surgem reflexões sobre como o sagrado perdeu sua capacidade de responder a questões essenciais como a morte.
Aborda também a transformação do conceito de sagrado, de adjetivo para substantivo, e como essa mudança tem sido usado para justificar e atualizar a autoridade e hegemonia das religiões históricas e, em particular, do cristianismo e da Igreja Católica.      Ela propõe como alternativa, uma distinção entre o sagrado e a religião e sugere uma avaliação sobre o sagrado como uma experiência emocional, citando o esporte.
O texto divide-se em cinco partes onde ela procura problematizar o conceito de sagrado:
Na primeira a autora discute a apropriação do conceito de sagrado pelas religiões institucionais e as diferenças dos termos secularização e profanação. Dialogando com Daniel Bell, Brian Wilson e Liliane Voyé, Danièle fala como a rejeição às Igrejas gera diversas combinações de símbolos e práticas religiosas e novos universos de significado. Ela discute ainda a separação dos conceitos de religião e sagrado;

Na segunda parte, Lérger recorre ao pensamento de François-André Isambert para rebater os conceitos propostos por Durkheim de que o sagrado e o profano são coisas sempre separadas e, novamente afirma que o discurso religioso se apoia no conceito de sagrado, particularmente o baseado no cristianismo, para se auto justificar;

Na terceira parte a autora fala da relação entre o sagrado e a emoção e, citando Joachim Wach e William James, reflete sobre a experiência comunitária de partilha dessa emoção através da socialização da experiência pessoal nos cultos e ritos.
Na quarta parte, tratando ainda da emoção, reflete sobre a analogia entre o êxtase causado por algumas atividades esportivas. Nesse caso, o esporte seria um meio de acessar o transcendente. Compara a sensação de pequenez e impotência que esportes radicais costumam causar diante da natureza, e por outro lado os sentimentos ocasionados pela quebra de limites, auto superação e sensação imediata de prazer. Estes seriam como  os transes experimentados  em  algumas religiões, e   estariam presentes também nas equipes de esportes coletivos e até nas torcidas, através de uma sensação de coletividade e pertença. 
Na quinta e última parte, ela contrapõe o sagrado e a religião, expondo a necessidade de se pleitear pelo significado das renovações emocionais na atualidade. Fala desse fato enquanto suposta evidência do retorno da religião. Entretanto, enxerga nessa concepção um problema, pois questiona se isto não seria decorrente de um empobrecimento da capacidade das religiões permitirem um contato imediato com forças sobrenaturais. O discurso religioso teria tornado mais difícil encaixar as experiências individuais.

O problema revela que o sagrado e a religião são coisas distintas que se atraem, mas também entram em tensão. Finaliza afirmando que nos vemos privados de esclarecer o problema, mas que uma coisa é certa, de um lado temos a experiência do sagrado e do outro a experiência religiosa.
LINK PARA ACESSAR A APRESENTAÇÃO EM POWER POINT.



 Obras: 
[1] De la mission à la protestation: l'évolution des étudiants chrétiens en France (1965-1970), [1973]; Le retour à la nature: au fond de la forêt, l'État, [1979]; Des communautés pour les temps difficiles: néo-ruraux ou nouveaux moines, [1983]; Vers un nouveau christianisme: introduction à la sociologie du christianisme occidental, [1986]; Christianisme et modernité, avec Roland Ducret et Paul Ladrière, [1990]; De l'émotion en religion : renouveaux et traditions, avec Françoise Champion, [1990]; La religion au lycée : conférences au lycée Buffon, 1989-1990, [1990]; Religion et écologie, [1993]; La religion pour mémoire, [1993]; Avec Grace Davie, Identités religieuses en Europe, [1996]; La religion en mouvement: le pèlerin et le converti, [1999]; La religion en miettes ou La question des sectes, [2001]; Sociologies et religion : approches classiques, [2001]; Catholicisme, la fin d'un monde, [2003]; Qu'est-ce que mourir? [2003]; La modernité rituelle: rites politiques et religieux des sociétés modernes, [2004]; Dictionnaire des faits religieux, [2010]; Le Temps des moines. Clôture et hospitalité, [2017].