Para os muçulmanos, o islão significa “submissão” total a Deus.
Ela é ao mesmo tempo uma tradição religiosa, uma civilização e, como dizem os muçulmanos
“um modo de vida completo”. O Alcorão, (texto sagrado dos muçulmanos, que
contém a revelação de Deus a Maomé ou 'Muhammad', o mediador entre Deus e os
homens), e os hadith (leis, lendas e
histórias sobre a vida de Maomé), são as fontes fundamentais para o estudo e a
compreensão do islamismo.
Para os muçulmanos o Alcorão é uma reprodução parcial do
Alcorão que está nos céus, é eterno e incriado e não pode ser comparado a nenhuma
escrita humana. O Alcorão é dividido em 144 suratas (nome dado a cada capítulo
do Alcorão), que a partir da segunda sucedem-se por ordem de tamanho
decrescente, enquanto que, os hadith,
são divididos em duas partes: a sequência de nomes de pessoas pelas quais a tradição
foi sendo retomada até o profeta, e o texto propriamente dito, que relata o que
foi dito ou feito por ele.
O islamismo possui seus credos assim como outras religiões. Não
obstante existem várias correntes de pensamento, que o torna ainda mais plural
(sunitas, xiitas, zaiditas, ismaelitas, sufistas, hanafitas, entre outras).
Tudo nasceu com uma questão política: enquanto algumas vertentes acreditavam
que a liderança do povo muçulmano deveria ser escolhida através de um consenso entre
todos, outros apenas reconheciam a família do profeta como herdeira legítima
dos direitos governamentais. Esse conflito, principalmente entre sunitas e
xiitas é trágico, pois após a morte de Maomé em 632, vai dividir os crentes.
Por isso, torna-se importante distinguir quem é quem,
principalmente entre sunitas e xiitas, que são as correntes de pensamento majoritárias
do islamismo.
Os Sunitas são tão antigos quanto a própria religião. Em uma divisão que
dura mais de mil anos receberam esse nome por seguirem a Suna (caminho
trilhado). Essa crença é uma das quatro escolas ortodoxas do pensamento islâmico. Constituem a maioria muçulmana no mundo, e
descrevem-se como os verdadeiros ortodoxos. Eles acreditam que os quatro
primeiros califas (sucessor do profeta), foram os legítimos: primeiro, Abu Bakr
(632-634); segundo, Omar (634-644); terceiro, Otman (644-656), e quarto, Ali (656-661).
A diferença entre sunitas e xiitas é simples. Os sunitas acreditam que o
sucessor do profeta Maomé deveria ter sido (e foi) Abu Bakr, eleito pelo voto
popular e pelos próximos ao profeta, enquanto que os xiitas acreditam que quem
deveria ter sucedido o profeta era um membro de sua família. Até hoje os
sunitas acreditam que devem eleger um líder de acordo com a Suna e os
mandamentos de Maomé.
Os xiitas são outro grupo de seguidores dentro do islamismo, que se
baseiam nas esmas escrituras sagradas da Suna e do Alcorão para viverem. Porém,
a diferença com os Sunitas está nas concepções políticas. O nome xiita
refere-se ao árabe original Shi’a Ali, que significa “partido de Ali”. A vertente
nasceu como um grupo minoritário na sociedade muçulmana, que após a morte de
Maomé, no século VII, discordou da nomeação de Abu Bakr para califa e sucessor
direto do profeta. Eles sempre acreditaram que Ali, primo e genro de Maomé,
deveria ser o sucessor de Maomé, pois, era um membro da família e um homem de
confiança do profeta . Eles afirmam ainda que Maomé, antes de morrer nomeou Ali
como sucessor em um evento específico em Ghadir khumm.
Apesar dessa afirmação basear-se em relatos de hadith , os sunitas não acreditam os ditos como autênticos, gerando
uma discussão que perdura até os dias de hoje. A liderança para os xiitas
deveria ser hereditária.
FILORANO, Giovanni. Monoteísmos e dualismo; as religiões de
salvação. 1ª edição. – São Paulo: Hedra, 2005.
Guia o Povo Muçulmano. On Line Editora, 20 de jun de 2016 - 97 páginas.