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quarta-feira, 19 de julho de 2017

Divisões do islamismo: Sunitas e xiitas (suas diferenças)


Para os muçulmanos, o islão significa “submissão” total a Deus. Ela é ao mesmo tempo uma tradição religiosa, uma civilização e, como dizem os muçulmanos “um modo de vida completo”. O Alcorão, (texto sagrado dos muçulmanos, que contém a revelação de Deus a Maomé  ou 'Muhammad', o mediador entre Deus e os homens), e os hadith (leis, lendas e histórias sobre a vida de Maomé), são as fontes fundamentais para o estudo e a compreensão do islamismo.

Para os muçulmanos o Alcorão é uma reprodução parcial do Alcorão que está nos céus, é eterno e incriado e não pode ser comparado a nenhuma escrita humana. O Alcorão é dividido em 144 suratas (nome dado a cada capítulo do Alcorão), que a partir da segunda sucedem-se por ordem de tamanho decrescente, enquanto que, os hadith, são divididos em duas partes: a sequência de nomes de pessoas pelas quais a tradição foi sendo retomada até o profeta, e o texto propriamente dito, que relata o que foi dito ou feito por ele.      
  
O islamismo possui seus credos assim como outras religiões. Não obstante existem várias correntes de pensamento, que o torna ainda mais plural (sunitas, xiitas, zaiditas, ismaelitas, sufistas, hanafitas, entre outras). Tudo nasceu com uma questão política: enquanto algumas vertentes acreditavam que a liderança do povo muçulmano deveria ser escolhida através de um consenso entre todos, outros apenas reconheciam a família do profeta como herdeira legítima dos direitos governamentais. Esse conflito, principalmente entre sunitas e xiitas é trágico, pois após a morte de Maomé em 632, vai dividir os crentes.   

Por isso, torna-se importante distinguir quem é quem, principalmente entre sunitas e xiitas, que são as correntes de pensamento majoritárias do islamismo.

Os Sunitas são tão antigos quanto a própria religião. Em uma divisão que dura mais de mil anos receberam esse nome por seguirem a Suna (caminho trilhado). Essa crença é uma das quatro escolas ortodoxas do pensamento islâmico.  Constituem a maioria muçulmana no mundo, e descrevem-se como os verdadeiros ortodoxos. Eles acreditam que os quatro primeiros califas (sucessor do profeta), foram os legítimos: primeiro, Abu Bakr (632-634); segundo, Omar (634-644); terceiro, Otman (644-656), e quarto, Ali (656-661).

A diferença entre sunitas e xiitas é simples. Os sunitas acreditam que o sucessor do profeta Maomé deveria ter sido (e foi) Abu Bakr, eleito pelo voto popular e pelos próximos ao profeta, enquanto que os xiitas acreditam que quem deveria ter sucedido o profeta era um membro de sua família. Até hoje os sunitas acreditam que devem eleger um líder de acordo com a Suna e os mandamentos de Maomé.

Os xiitas são outro grupo de seguidores dentro do islamismo, que se baseiam nas esmas escrituras sagradas da Suna e do Alcorão para viverem. Porém, a diferença com os Sunitas está nas concepções políticas. O nome xiita refere-se ao árabe original Shi’a Ali, que significa “partido de Ali”. A vertente nasceu como um grupo minoritário na sociedade muçulmana, que após a morte de Maomé, no século VII, discordou da nomeação de Abu Bakr para califa e sucessor direto do profeta. Eles sempre acreditaram que Ali, primo e genro de Maomé, deveria ser o sucessor de Maomé, pois, era um membro da família e um homem de confiança do profeta . Eles afirmam ainda que Maomé, antes de morrer nomeou Ali como sucessor em um evento específico em Ghadir khumm.

Apesar dessa afirmação basear-se em relatos de hadith , os sunitas não acreditam os ditos como autênticos, gerando uma discussão que perdura até os dias de hoje. A liderança para os xiitas deveria ser hereditária.



FILORANO, Giovanni. Monoteísmos e dualismo; as religiões de salvação. 1ª edição. – São Paulo: Hedra, 2005.
Guia o Povo Muçulmano. On Line Editora, 20 de jun de 2016 - 97 páginas.