A importância dada hoje ao Ensino Religioso nas
escolas suscita questionamentos de ordem religiosa, pedagógica e administrativa
importantes. Porém, uma das questões, é se o Ensino Religioso tem sido recebido
e valorizado por parte da comunidade educativa, pois, um dos objetivos é
contribuir para a formação integral dos alunos. Por isso, a escola oferece ao
aluno, por meio do Ensino Religioso, o desafio de compreender o universo
complexo das religiões, ajustando-se à ele a fim de favorecer sua integração
social e o exercício consciente da cidadania.
O Ensino Religioso mudou e apresentou ao país um novo
paradigma no que tange a disciplina e consequentemente na avaliação, por isso,
enfrenta diversos desafios para que se efetivem suas propostas. O novo
paradigma do Ensino Religioso leva em consideração que o indivíduo é um
organismo vivo, inteiro, diverso e particular que precisa ser “educado” não a
partir de fórmulas, mas, para ser cada vez mais sensível, crítico, reflexivo e
atuante.
O professor ao abordar conteúdos da disciplina, busca contemplar o todo, superando assim, a visão fragmentada e a simples
reprodução de conhecimentos. O professor é juntamente com seus alunos um
pesquisador e, como tal, deve instigar cada educando a "aprender a
aprender", por isso, o Ensino Religioso adquiriu um perfil de maior rigor
científico e respeito para com as religiões do mundo.
Partindo das diretrizes legais, o Ensino Religioso
adota uma perspectiva que prioriza a diversidade e a pluralidade das expressões
religiosas. O respeito pela liberdade religiosa de cada educando deve ser
possibilitado pela escola por meio de educadores devidamente preparados. Porém,
um dos grandes problemas do ensino-aprendisagem é a questão da avaliação. A
disciplina do Ensino Religioso não foge a regra, por isso, nunca é demais falar
sobre a importância e a função da avaliação:
- A avaliação faz parte do processo metodológico, por isso, é um elemento integrador entre o aluno e o professor;
- A avaliação permite ao professor conhecer o progresso do aluno e reelaborar a sua prática pedagógica quando necessário;
- O ato de avaliar torna-se um instrumento insubstituível no processo de conhecer aquilo que se aprendeu, bem como a verificação do instrumento metodológico adotado pelo sistema e pelo professor;
- A avaliação é um processo que influência significativamente toda a prática escolar e as relações interpessoais [...]
É importante assinalar que na avaliação na disciplina
do Ensino Religioso, não há a intenção de aprovar ou reprovar o aluno, pois,
sua função orientadora e diagnóstica conduz o planejamento pedagógico. Essa
avaliação parte do princípio da inclusão e os conteúdos e processos terão sempre
em vista a diversidade, ou seja, o foco na alteridade é norteador da própria
filosofia da disciplina do Ensino Religioso.
A avaliação no Ensino Religioso deve acontecer
conforme os outros componentes curriculares, avaliando de ensino-aprendizagem,
pois:
- Há um conteúdo específico desenvolvido, que gera apropriação de conhecimento;
- Há objetivos a serem alcançados, tanto pelo educandos como pelos educadores;
- A avaliação é diagnóstica, processual segundo as orientações do Projeto Educativo;
- O objetivo da avaliação abrange conteúdos, atitudes e habilidades de tal modo que:
- Ao avaliar atitudes, deve-se evitar todo o tipo de juízo de valor, por parte do educador;
- Não se trata de avaliar o aspeto subjetivo de adesão à fé e de sua evidência;
- O conteúdo do Ensino Religioso, assim como o das demais disciplinas, deve ser meio para formar integralmente o educando.
A metodologia na avaliação no Ensino Religioso, consiste
na organização de passos a serem dados, a fim de que o processo educativo se
efetive, cumprindo dessa forma os objetivos propostos, assim:
- Cada aula deve ter um ponto introdutório, capaz de produzir motivação, organização do espaço interior e exterior, bem como a apresentação do tema a ser desenvolvido de forma interessante;
- Realização de observação-reflexão-informação de forma dinâmica com o objetivo de descodificar e analisar os elementos básicos que compõe o fenômeno religioso de forma progressiva através do diálogo inter-religioso;
- Realização de uma síntese, na qual o fechamento de uma aula consiste na clareza dos elementos mais importantes que constituem o objeto estudado.
Antes de tudo, o professor deverá ter a consciência
multi-cultural, ou seja, precisa estar consciente de que trabalha numa
sociedade, onde a verdadeira multiplicação de culturas e religiões nos cerca de
todos os lados, por isso, deverá ter abertura para a alteridade, isto é precisa
respeitar o posicionamento religioso de seus alunos. Não poderá chegar na sala
de aula e decretar: "como a maioria dos alunos são católicos, vamos dar
educação religiosa católica". Estaria incorrendo ao proselitismo
religioso, excluído pela lei atual.
Referências:
Ensino Religioso e Cidadania: textos
dinâmicos/organização Mundo Jovem. - Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004.
LIMA, Ronald. Novas Perspetivas para o Ensino
Religioso no Brasil. - 1a edição, 2016.
Programa do Ensino Religioso: Província do Brasil
Centro-Leste. Edições Loyola, São Paulo, Brasil, 2006.
SCHLOGL, Emerli. Ensino Religioso: Perspetivas para os
anos finais do ensino fundamental e para o ensino médio. - Curitiba: Ibpex,
2009.
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